Workshop e-Planning Territórios Sustentáveis discute o futuro de Brasília

jun 26 • Mobilidade Urbana, Notícias • 1438 Views • Comentários desativados em Workshop e-Planning Territórios Sustentáveis discute o futuro de Brasília

“É preciso que se faça uma distinção clara entre o que é crescimento e o que é desenvolvimento. Crescimento é uma mudança quantitativa na condição de uma sociedade, enquanto desenvolvimento é uma mudança qualitativa, o que significa mudar o patamar de uma sociedade”, explicou Carlos Henrique Tomé Silva, secretário de Estado de Mobilidade do Distrito Federal, durante o Workshop e-Planning Territórios Sustentáveis, realizado entre os dias 22 e 24 de junho, em Brasília.

Para a construção de cenários positivos futuros para o Distrito Federal, o secretário recomendou que seja trabalhada na cidade a ideia de desenvolvimento como liberdade. “Amartya Sen definiu que, em uma sociedade que não é desenvolvida, as pessoas têm menor grau de exercer suas escolhas. Nesse sentido, não restam dúvidas de que um sistema de mobilidade com qualidade amplia a oportunidade de as pessoas exercerem as suas escolhas, sejam elas quais forem. A cidade deveria dar a oportunidade de as pessoas exercerem suas escolhas. Mobilidade é uma temática que está no centro desse debate do que é viver em comunidade hoje”, acrescentou Tomé Silva.

Organizado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), no âmbito do Projeto Brasília 2060, o evento marca uma nova fase institucional, como explica Cecília Leite, diretora do instituto. “O workshop proporcionou o encontro de pessoas centrais para a discussão sobre o futuro que almejamos para a nossa cidade. Além disso, estamos criando parcerias importantes para o trabalho e o crescimento do Ibict”, explicou Cecília, que destacou a presença de representantes de instituições portuguesas no evento.

A nova fase do Ibict reflete um momento em que se buscam novos desafios para melhorias do governo e da administração pública, com a abordagem de novas questões, que obrigam a repensar velhos conceitos e práticas estabelecidas, para melhor se adaptar à nova realidade da sociedade da informação e do conhecimento. Ao longo do workshop foram discutidos conceitos-chave sobre territórios sustentáveis, como o papel das tecnologias emergentes na coleta e gestão sustentada de uma nova geração de indicadores, além de questões sobre o desenho e o planejamento das cidades e territórios do futuro, considerando a criação de espaços sustentáveis.

O workshop reuniu estudantes e especialistas brasileiros e portugueses das áreas de transportes, sustentabilidade e planejamento. De fora do Brasil, foram convidados como palestrantes João Cabral, da Universidade de Lisboa, Francesca Savoldi, do Centro de Investigação de Tecnologias de Informação para uma Democracia Participativa (Citiped), e Pedro Ferraz, presidente do Citiped.

Brasília 2060. Qual cidade nós queremos?

O professor Pedro Ferraz, do Citiped, acredita que Brasília é uma cidade com características visionárias. “Trata-se de uma cidade com uma dinâmica única, que pode servir como exemplo para todo o país e também internacionalmente. Brasília é um caso muito especial”, aponta Pedro Ferraz.

Para Aldo Paviani, da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), ainda há problemas significativos a serem enfrentados para a construção de um Distrito Federal sustentável: “A evolução urbana no DF foi extremamente rápida. Atingiu-se o grau de metrópole muito antes de a cidade completar 50 anos. Há, por exemplo, uma concentração elevada de oportunidades de trabalho no Plano Piloto e muito pouco para as cidades satélites, que concentram a moradia da maior parte da população. Projetar o futuro significa que devemos melhorar a qualidade de vida da população, se determinadas medidas forem tomadas”.

O secretário Carlos Henrique Tomé Silva acrescentou durante o evento que é preciso planejar com cuidado o futuro do Distrito Federal. “A cidade que nós queremos em 2060 não começa a ser construída em 2059. A cidade que nós queremos em 2060 começa a ser construída hoje. Se nós não tomarmos a decisão de nos perguntarmos qual cidade nós queremos, não desencadearemos o processo de planejamento e, portanto, não teremos a menor ideia de onde chegaremos no futuro. Além disso, a resposta a essa pergunta passa necessariamente por ouvir a população”, afirmou.

Sobre o Projeto Brasília 2060

Desde janeiro de 2014, o Ibict vem desenvolvendo o Projeto Brasília 2060, cujo objetivo principal é o resgate da atividade de planejamento. Nesse sentido, o projeto representa um experimento de elaboração de políticas, planos e programas públicos, tendo como objeto de trabalho a cidade de Brasília e seu entorno, com duas características principais.

A primeira é a adoção de um método de trabalho que tem origem na avaliação de sustentabilidade. Por esse método, qualquer trabalho de prospecção de futuro deve ser embasado em visão detalhada e precisa do presente, ou seja, na construção de uma linha de base. Ademais deste aspecto, o método prevê que a formulação de políticas, planos e programas tem de ser realizada tendo-se sempre em consideração a dimensão territorial e a avaliação de impactos das opções de futuro adotadas.

A segunda é o desenvolvimento de um sistema de informações que colete, organize, sistematize e dissemine informações de três naturezas: estatísticas, textos e imagens e informações georreferenciadas.

O Projeto Brasília 2060 adotou seis áreas temáticas para o processo de experimentação de formulação de políticas, planos e programas: Educação; Saúde; Segurança Pública; Ciência, Tecnologia e Inovação; Mobilidade Urbana; e Cultura, Esporte e Lazer.

Para conhecer mais sobre o Projeto Brasília 2060, acesse: http://brasilia2060.ibict.br.

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