Brasília 2060: Projeto avança discussão sobre nova proposta educacional para o DF
O tema estratégico de Educação do Projeto Brasília 2060, iniciativa do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), alcançou avanços significativos em 2015 a partir do diálogo entre o Ibict e a Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal (SEEDF). As duas instituições vêm discutindo a renovação de modelo pedagógico que se adapte aos novos tempos. O objetivo é implantar no DF um sistema educacional compatível com as novas maneiras de acesso ao conhecimento, atendendo às novas necessidades profissionais e à complexidade da realidade atual.
O Projeto Brasília 2060 trabalha com o desenvolvimento de experimentos de formulação de políticas, planos e programas públicos, que objetivam contribuir para o avanço institucional, ambiental, econômico e social da capital do Brasil. O projeto discute com especialistas e instituições seis áreas temáticas: Educação; Saúde; Segurança Pública; Cultura, Esporte e Lazer; Ciência, Tecnologia e Inovação; e Mobilidade Urbana.
De acordo com o professor Paulo Egler, coordenador do Projeto Brasília 2060, a diferenciação do tema Educação para as demais áreas estratégicas é o avanço que a temática tem alcançado na estruturação de um exercício de implementação das propostas para a área educacional. “Trabalhamos no diagnóstico, na identificação dos principais problemas e na proposta de opções estratégicas que são as soluções de futuro para a educação da capital”, explica Paulo Egler, acrescentando que esse avanço também se deu pelo interesse e compromisso da SEEDF junto ao Ibict.
Até o momento, o projeto teve vários avanços e ações, tendo desenvolvido reuniões com a Secretaria de Educação, com as regionais de ensino e workshops com docentes de escolas participantes, com a intenção de conhecer e mapear a realidade da Educação no DF. A proposição de sequência para esse trabalho está em desenvolvimento.
Para Paulo Egler, certas questões devem ser revistas e alguns entendimentos reafirmados entre o Ibict e a SEEDF. “Entre os pontos a serem acertados, estão os seguintes: garantir que o corpo de docente possa permanecer nas escolas participantes do experimento; assegurar que as escolas tenham infraestrutura que atendam às mudanças sugeridas, entre outros pontos. Esperamos, daqui para frente, maior envolvimento da Secretaria de Educação, que possui um papel político, institucional e legal na área educacional. Vale ressaltar que, por várias questões, o andamento dessa iniciativa não está acontecendo na velocidade desejada, ainda assim, conseguimos evoluir bastante em vários aspectos”.
O coordenador afirma que parte das dificuldades existentes na educação do DF e do restante do país se deve à forma ultrapassada com que o ensino é conduzido, o que provoca o desinteresse do aluno. “Enquanto o país não conseguir resgatar o interesse do brasileiro pela educação, ele sofrerá constantemente na área política, econômica e social”, observa Paulo Egler.
Patrícia Sjöström Novo, educadora integrante da temática Educação do Brasília 2060, esclarece que o projeto tem importante e difícil missão, já que a ideia é implementar um modelo inovador, dentro de um contexto totalmente tradicional. “Atualmente, o foco está no conteúdo. O aluno e a efetiva aprendizagem estão em segundo ou terceiro plano. Porém, o conteúdo está no computador, no celular, no tablet. Os alunos já chegam à sala de aula com todo esse aparato. A questão atual é compreender o processo de aprendizagem, saber o que aprender, o que acessar, e como acessar. É com isso que o professor tem que trabalhar’, diz Patrícia.
“Hoje o desafio para o aluno está muito além do conteúdo apresentado em sala de aula. Para prender a atenção do aluno, você tem que desafiá-lo. E o desafio é colocá-lo em situações onde ele seja autor, investigue e com isso aprenda. Essa proposta diferenciada tem a chancela de dois importantes nomes da Educação, que são José Francisco de Almeida Pacheco e Pedro Demo, especialistas que estão focando nesse projeto a educação básica e a formação de docentes para a educação básica”, pontua Patrícia.
José Francisco de Almeida Pacheco e Pedro Demo
José Francisco de Almeida Pacheco é especialista em Leitura e Escrita e mestre em Ciências da Educação pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. É o fundador da Escola da Ponte, em Portugal, um modelo pedagógico que, desde 1976, dispensa divisão entre séries e disciplinas, estimula a independência do aluno e o autodidatismo. A filosofia que norteia o projeto é de que uma escola não precisa ser dividida por salas, o espaço deve ser integrado.
Pedro Demo é dos mais respeitados nomes do pensamento brasileiro. Cursou Filosofia e é doutor em Sociologia pela Universidade de Saarbrücken, Alemanha, e pós-doutor pela Universidade da Califórnia. É professor titular aposentado e professor emérito do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB). Com mais de 80 livros publicados, Pedro Demo desenvolveu o interesse pela causa dos professores básicos desde o final dos anos 1980, por entender que, em parte pelo menos, a cidadania popular depende da qualidade de sua atuação e formação.
Comunicação Social do Projeto Brasília 2060
Foto: Peter Galbraith (Licença de conteúdo FreeImages.com)
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