Brasília: a capital das “magrelas”

jul 18 • Notícias • 4660 Views • Comentários desativados em Brasília: a capital das “magrelas”

“Brasília é uma cidade bastante propicia para o uso de bicicleta. Ela é plana, não tem chuva boa parte do ano, possui as vias largas, além de ser bastante viável para o ciclista compartilhar as estradas com o motorista”, afirma Renata Florentino, coordenadora de uma das principais ONGs que trabalham com a ciclomobilidade no Distrito Federal, a Rodas da Paz.

Brasília possui um dos espaços geográficos mais propícios e convidativos para a utilização de bicicletas. A cidade também dispõe de uma arquitetura abundante, que estimula a circulação não motorizada de moradores e visitantes. Conhecida pelo respeito à faixa de pedestres, Brasília está recebendo serviços de locação de bicicletas, com isso aumentando a construção de ciclovias e o estímulo ao uso de bikes pelos moradores, cenário que estimula a cultura do ciclismo.

O próximo e relevante desafio é ampliar a utilização de bicicletas para as Regiões Administrativas do Distrito Federal. O trabalho, que deverá envolver diversas entidades de diferentes esferas governamentais, tem como desafio encontrar soluções que vençam as grandes distâncias entre as aglomerações urbanas.

Subsecretário de Planejamento da Mobilidade da Semob, Denis de Moura Soares: Secretaria vem desempenhando uma série de atividades ligadas à  ciclomobilidade no DF

Subsecretário de Planejamento da Mobilidade da Semob, Dênis de Moura Soares: Secretaria vem desempenhando uma série de atividades ligadas à ciclomobilidade no DF

O subsecretário de Planejamento da Mobilidade da Secretaria de Estado de Mobilidade do Distrito Federal (Semob), Dênis de Moura Soares, observa que a Secretaria vem desempenhando uma série de atividades ligadas à ciclomobilidade no DF. Segundo Moura, foi finalizado um estudo que será basilar para as ações de mobilidade por meio de bicicletas – um diagnóstico da mobilidade urbana e da malha cicloviária do DF. Esse documento determinará qual o caminho que a Semob e o Governo do Distrito Federal (GDF) deverão seguir na implantação dessas novas infraestruturas cicloviárias.

“O sistema cicloviário do DF está tendo bastante atenção. O serviço de bicicletas compartilhadas está em fase de ampliação. No momento, estamos com 40 estações de bicicletas compartilhadas no Plano Piloto, e nós pretendemos ampliar para mais de 100 estações no Plano Piloto e também expandir para as demais Regiões Administrativas”, disse o subsecretário, adiantando que o programa de mobilidade urbana do DF, o Circula Brasília, recém-lançado, prevê a ampliação do sistema cicloviário para as demais Regiões Administrativas do DF. O programa vislumbra 119 novas estações com aproximadamente 1.190 bicicletas, que atenderão principalmente as regiões servidas pelo metrô e pelo BRT, dando foco a integração intermodal, proporcionando maior capilaridade para o transporte coletivo.

Alternativas para a redução do número de carros circulando

Sobre as características do Distrito Federal, Israel Leite, diretor comercial da empresa Serttel, ressalta que o DF é um local com alto número de veículos por pessoa. “O DF conta com uma ampla malha cicloviária, tem relevo plano e paisagens bonitas e arborizadas, atraindo cada vez mais ciclistas. Percebe-se em Brasília, até por conta das características de paisagem, um extenso número de ciclistas que pedalam por esporte e lazer, e há crescente número de ciclistas que usam a bicicleta para transporte”, afirma.

Serttel é uma das primeiras empresas a atuar no sistema cicloviário do DF. O grupo empresarial atendeu a uma chamada pública do Governo do Distrito Federal que procurava contratar um sistema de bicicletas compartilhadas, com possibilidade de exploração publicitária, e a Serttel, juntamente com o banco Itaú, venceu a licitação. A empresa trabalha com soluções inovadoras para a mobilidade, comodidade e segurança das pessoas nos ambientes urbanos em mais de 25 anos de existência.

O representante da Serttel acredita que o sistema de bicicletas compartilhadas estará cada vez mais presente nas cidades, chegando a municípios novos e sendo ampliado onde já existe. “Esse modelo é utilizado com sucesso em todos os continentes do mundo. As bicicletas compartilhadas fazem parte das Cidades do Futuro, que serão compostas por um grande mix de modais de transporte baseado em colaboração, compartilhamento e muita tecnologia da informação”.

Rodas da Paz: Por um novo DF

Para a coordenadora da Rodas da Paz, Renata Florentino, o cenário cicloviário do DF ainda precisa mudar bastante

Para a coordenadora da Rodas da Paz, Renata Florentino, o cenário cicloviário do DF ainda precisa mudar bastante

Renata Florentino alerta para uma preocupante questão: a velocidade dos carros no Distrito Federal. “Há muitas vias de alta velocidade, o que acaba oferecendo riscos aos ciclistas. Vários aspectos foram melhorados, estão surgindo mais ciclovias, mais ciclofaixas, mas ainda temos que tratar de humanizar as ruas, de modo que sejam mais acolhedoras e ofereçam menos riscos”, enfatiza.

Rodas da Paz é uma ONG fundada em 2003, em Brasília, fruto de grande mobilização entre ciclistas, atletas, universitários e pesquisadores. A ideia surgiu por conta da violência no trânsito relacionada aos usuários de bicicletas. Na época, houve uma preocupação de se fazer uma mobilização, uma incidência em políticas públicas para reduzir as mortes dos ciclistas no trânsito local.

Para a coordenadora da Rodas da Paz, o cenário cicloviário do DF ainda precisa mudar bastante. Ela pontua que no DF utiliza-se pouco o transporte coletivo e em excesso os veículos motorizados. “Aqui se adota muito o carro e a utilização da bicicleta pode e deve crescer. Já utilizamos bastante a bicicleta, se o uso for comparado a São Paulo e Belo Horizonte, enquanto isso estamos aquém, se compararmos o DF a locais como Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza”.

“Devemos incentivar mais o uso das bicicletas. Precisamos mudar por várias questões, entre as quais estão mobilidade urbana, sustentabilidade e mudança climática. Queremos estimular a mudança de forma consciente, tranquila, sem muita pressão. Podemos reverter esse cenário de congestionamentos, excesso de carros, acidentes de trânsito. Haverá resistência, mas é importante que as pessoas atentem aos sinais de estresse dados pela sociedade e pela cidade”, enfatiza Renata.

Comunicação Social do Projeto Brasília 2060

Foto de capa: Blazej Pieczynski (Licença de conteúdo: FreeImages.com)

Fotos dos entrevistados: Comunicação Social do Projeto Brasília 2060

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